Biografia

 Fonte: https://www.bangu.org.br/?cat=15

 

A Biografia de JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS

Patrono do GRÊMIO LITERÁRIO JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS – CENTRO CULTURAL DA REGIÃO DE BANGU – MUSEU DE BANGU 

                                                       

José Mauro de Vasconcelos

 

A denominação Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos é, ao mesmo tempo, homenagem a sociedade congênere que funcionou em Bangu no período de 1907 a 1939, inicialmente com o nome de Grêmio Philomático (1907 / 1925) e depois de Grêmio Literário Rui Barbosa (1925 / 1939) e ao consagrado romancista José Mauro de Vasconcelos.

José Mauro de Vasconcelos nasceu em Bangu, bairro do Rio de Janeiro, a 26 de Fevereiro de 1920. Filho de Estefânia de Vasconcelos e de Paulo de Vasconcelos. Iniciou os estudos na Escola Martins Júnior em Bangu. Filho de família muito pobre, a ponto de ainda menino, ter de viver com os tios em Natal no Estado do Rio Grande do Norte. Aos nove anos, aprendeu a nadar e, com grande prazer, lembra dos seus treinos de natação nas águas do Potengi, dos sonhos de ser campeão. Ainda em Natal, fez dois anos do Curso de Medicina.

Novos sonhos e uma maleta de papelão eram a bagagem do jovem que voltou ao Rio, num velho cargueiro. O primeiro emprego foi de treinador de peso-pena, quando 100 cruzeiros pôr luta eram o limite entre uma vida difícil e a fome. Virou estátua em 1941, no monumento à juventude do jardim do Ministério da Educação, no Rio. José Mauro era modelo da Escola Nacional de Belas Artes e acabou esculpido por Bruno Giorgi.

De carregador de bananas numa fazenda do litoral do Estado do Rio de Janeiro a garçom de boate em São Paulo, José Mauro percorreu distâncias e empregos em quantidade, no aprendizado de vida que parece essencial a certo tipo de escritores. Outra experiência foi uma bolsa de estudos na Espanha, limitada a uma semana pelo estudante, que não agüentou a vida acadêmica e preferiu correr a Europa. A atividade mais importante foi a que exerceu junto aos irmãos Villas-Boas, varando rios em plena região do Araguaia, conhecendo o ambiente hostil e lutando pelos índios.

Estava amadurecido o homem José Mauro de Vasconcelos. O resultado disso foi seu livro de estréia, “Banana Brava”, de 1942. Nele reflete o mundo dos homens sem piedade dos garimpos onde viceja e jamais frutifica a Banana Brava; o livro simplesmente não aconteceu na época apesar de algumas críticas favoráveis. Depois veio “Barro Blanco”, em 1945.

                                                            Barro Blanco 

          Essa estória das salinas de Macau, no Rio Grande do Norte, conseguiu para José Mauro um grande sucesso de crítica. O livro seguinte foi “Longe da Terra” em 1949, marcando a volta do escritor ao sertão (“Difícil encontrarmos um livro que nos ofereça de maneira tão natural a embriaguez da terra” disse o crítico Herculano Pires). Depois de “Vazante” em 1951, vieram “Arara Vermelha” em 1953 e “Arraia de Fogo” de 1955. Para escrever o livro de 1953, percorreu cerca de 250 léguas no sertão bruto.       

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            “Rosinha, Minha Canoa”, de 1962, marcou o primeiro sucesso da literatura de José Mauro. Recebeu elogios como o de Abdias Lima. “A narrativa, com sua trama que corre como um rio, sem truques e artifícios literários , as personagens, com seu palavreado típico, fazem de “Rosinha, Minha Canoa”, uma grande estória nacional.

Rosinha, Minha Canoa

                                               A imprensa já procurava o escritor em ascensão e perguntava sobre suas preferências literárias ( “Graciliano Ramos, Zé Lins do Rego”), sobre seu modo de escrever (“Escrevo meus livros em pouco dias. Mas passo anos ruminando idéias. Escrevo tudo a máquina. Faço um capítulo inteiro e depois é que releio o que escrevi. Escrevo a qualquer hora, de dia ou de noite. Quando estou escrevendo entro em transe. Só paro de bater nas teclas da máquina quando os dedos doem. Só aí percebo quanto trabalhei. Sou um cara capaz de varar dias escrevendo até a exaustão”).

“Doidão” em 1963conta a adolescência do escritor em Natal, claro que de forma romanceada. “O Garanhão das Praias” de 1964, com sua ação altamente dramática, é bem diferente de “Coração de Vidro” também de 1964, um livro de fábulas em que os animais ganham dimensão humana e lírica. De 1966 é “As Confissões de Frei Abóbora”, obra que antecedeu o grande sucesso do escritor, “O Meu Pé de Laranja Lima”.

   

                                                       “O Meu Pé de Laranja Lima” saiu em doze dias. (“Porém estava dentro de mim há anos, há vinte anos”), diz José Mauro. E o livro de 1968, conquistou os leitores brasileiros do Amazonas ao Rio Grande do Sul, quebrando todos os recordes de vendagem.

A crítica também se entusiasmou com a obra e não faltaram elogios: “Qualquer pessoa de sensibilidade que leia esse livro de José Mauro de Vasconcelos se projeta na figurinha de Zezé…”- Ivone Borges Botelho; “Recomendo a todos a leitura de “O Meu Pé de Laranja Lima” e dos outros romances de José Mauro de Vasconcelos, cuja obra está exigindo estudos mais longos, pois é um dos bons narradores que o Brasil já teve em qualquer tempo”- Antonio Olintho; “O Meu Pé de Laranja Lima” é um documentário social e um estudo psicológico, que soa como uma canção,

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onde há intensa realidade e, pôr isso mesmo, ternura e amor. – Euclides Marques Andrade.

Dizia o escritor, na época: “Tenho um público que vai dos 6 aos 93 anos. Não só aqui no Rio de Janeiro ou em São Paulo, mas em todo o Brasil. Meu livro “Rosinha, Minha Canoa” é utilizado em curso de Português na Sorbonne, em Paris.

As traduções no estrangeiro se multiplicaram. “O Meu Pé de Laranja Lima” saiu na Áustria, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Japão Argentina, Itália, Holanda, China e França. “Barro Blanco” tem edições húngara alemã, “Arara Vermelha” foi publicado na Áustria e na Alemanha e o será brevemente na Holanda. Em preparo, a edição de “Arraia de Fogo” na Hungria. Os direitos de “Meu Pé de Laranja Lima” também estão sendo negociados na Dinamarca, Finlândia e Tchecoslováquia. Em preparo, estão as seguintes edições de “O Meu Pé de Laranja Lima”: norueguesa, sueca e polonesa.

Os livros de José Mauro mereceram a atenção de professores que os levaram para seus alunos. Adotados em inúmeros colégios do país inteiro, servem hoje de texto para as aulas de Português de milhares de crianças e jovens. O mesmo ocorre na Argentina, notadamente com “O Meu Pé de Laranja Lima”.

O fator básico do sucesso de José Mauro é sua facilidade de comunicação com o público, o que se confirmou nos livros posteriores, “Rua Descalça” de 1969, ‘O Palácio Japonês” de 1969, “Farinha Órfã” de 1970, “Chuva Criola” de 1972, “O Veleiro de Cristal” em 1973, “Vamos Aquecer o Sol” de 1974 e “A Ceia” em 1975. Depois vieram “O Menino Invisível” em 1978 e “Kuryala: Capitão e Carajá” em 1979.

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José Mauro de Vasconcelos sempre explicou a característica do seus livros: – “O que atrai meu público deve ser a minha simplicidade. A minha linguagem regional está numa atitude compreensiva. Os meus personagens falam linguagem regional. O povo é simples como eu. Como já disse, não tenho nada da aparência de escritor. É a minha personalidade que está se expressando na literatura, o meu próprio “eu”.

Além, de escritor José Mauro de Vasconcelos foi artista plástico, ator de teatro e de televisão. Ganhou prêmios como coadjuvante em “Carteira Modelo 19” e como ator em “A Ilha” e “Mulheres e Milhões”. Fez ainda “Fronteira do Inferno”, “Floradas na Serra”, “Canto do Mar” (deste escreveu o roteiro). Seus livros “Vazante”, “Arara Vermelha”, “Rua Descalça”, “As Confissões de Frei Abóbora” e “O Meu Pé de Laranja Lima” foram filmados. O último foi um grande sucesso de bilheteria.

Escritor de sucesso, homem simples, artista cuja sensibilidade se exerceu em várias áreas, José Mauro de Vasconcelos foi um dos autores mais famosos em nosso tempo.

Vale ressaltar que “O Meu Pé de Laranja Lima” também foi novela em televisão e enredo do G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel.

            Letra do Samba Enredeo de 1970    Capa do Long Play - Meu pé de Laranja Lima

José Mauro de Vasconcelos, Patrono desta Entidade faleceu em São Paulo a 24 de Julho de 1984.

                           

 josé M. de Vasconcelos autografando um de seus livros

Fonte: Edições Melhoramentos e Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos.